A REIS é reconhecida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e conta com a participação de 100 das maiores empresas do país
Em 2022, a Rede Empresarial de Inclusão Social (REIS) completa 10 anos de atuação reunindo grandes empresas do país e apoiando a criação de ambientes mais inclusivos para transformar positivamente a vida das pessoas com deficiência. A REIS conta com mais de 100 parceiros e 43 empresas signatárias do Pacto pela Inclusão, e adota estratégias de engajamento e de propagação de processos e boas práticas. Nessa primeira década, a REIS contribuiu para que o número de pessoas com deficiência contratadas no país crescesse 69%, passando de 288,5 mil em 2009, para 486,7 mil em 2018, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
Embora o número de pessoas com deficiência no mercado formal cresça a cada ano, as contratações representam apenas 50% do total de vagas reservadas a esses profissionais. Um dos principais obstáculos para aumentar o percentual de preenchimento das vagas é o preconceito em relação à capacidade das pessoas com deficiência.
Ivone Santana, Secretária Executiva da REIS, explica que “um dos nossos objetivos é desmistificar as crenças que persistem no mercado. Diferentemente dos preconceitos que existem no meio corporativo, as pessoas com deficiência querem trabalhar, têm qualificação profissional e, por uma boa oportunidade de trabalho, estão dispostas a abrir mão do BPC (Benefício de Prestação Continuada) que, de todo modo, é concedido a um número reduzido de pessoas com deficiência”.
Segundo o levantamento setorial mais recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2019), 8,4% da população brasileira acima dos 2 anos de idade possui algum tipo de deficiência. O percentual representa cerca de 17,3 milhões de brasileiros, sendo que quase metade, 49,4%, são idosos. Esse número seria suficiente para preencher todas as vagas reservadas para profissionais com deficiência no Brasil.
O aumento da contratação de pessoas com deficiência deveria ter sido um reflexo da Lei de Cotas instituída em 1991, mas quase não houve evolução na primeira década. A Lei passou a ser cumprida pelas empresas, a partir de 2001, ano em que virou item de fiscalização. O Ministério do Trabalho passou a autuar organizações que não cumprissem a cota mínima de contratação, que pode variar de 2% a 5% para empresas que tenham a partir de 100 funcionários.
“A REIS trabalha para aumentar o índice de colocação de profissionais com deficiência no
mercado de trabalho e apoiar as empresas no processo de conscientização de seus líderes,
pois considera que o mínimo a se fazer é estar em acordo com a legislação. No entanto,
nosso objetivo maior é promover um ambiente corporativo verdadeiramente inclusivo e
influenciar toda a sociedade positivamente.”, enfatiza Santana.
Linha do tempo: 10 anos de atuação da REIS no Brasil:
● Criação da Rede Empresarial de Inclusão Social brasileira, em reunião com a
Organização Internacional do Trabalho-OIT. Criação do site e definição dos primeiros
indicadores para mensuração de resultados (2012);
● Desenvolvimento do Manual de Inclusão da Pessoa com Deficiência para Medicina e
Segurança do Trabalho (2016);
● Lançamento do Pacto pela Inclusão com a OIT e criação do Conselho de CEOs da
REIS (2017);
● Lançamento do Guia Ethos-REIS de Indicadores de Inclusão de Pessoas com
Deficiência, em parceria com o Instituto Ethos (2018);
● Definição dos Pilares Estratégicos da REIS (2019 e 2020);
● Conquista de 43 encontros temáticos realizados com empresas parceiras e
lançamos o Guia Reis de Comunicação Inclusiva e Acessível (2021).
Uma das principais ferramentas que foram criadas nessa década e transformou a forma de contratar pessoas com deficiência foi o Manual de Inclusão da Pessoa com Deficiência para Medicina e Segurança do Trabalho, em parceria com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT). Trata-se de um guia que é utilizado por médicos do trabalho para melhor avaliação de profissionais com deficiência em exames admissionais.
“Havia uma barreira atitudinal importante por parte de alguns médicos do trabalho em liberar
a contratação de pessoas com deficiência. Este Manual derruba preconceitos e incentiva
que o profissional de saúde faça uma avaliação mais justa do candidato, ao promover a
contratação e reconhecer sua capacidade de desempenho, como qualquer outro
profissional. Além de entender que as empresas podem e devem investir recursos para
tornar os ambientes de trabalho mais acessíveis”, comemora Ivone.
Pacto pela Inclusão REIS-OIT
O Pacto pela Inclusão REIS-OIT é um documento criado pela REIS que elenca cinco compromissos que devem ser adotados pelas empresas signatárias. O objetivo é que as ações de diversidade e inclusão sejam levadas para a cultura da empresa, gerando propagação e engajamento entre os colaboradores.
As empresas signatárias do Pacto pela Inclusão têm como compromissos:
1. Comprometer a alta liderança com o respeito e a promoção dos direitos das pessoas
com deficiência;
2. Desenvolver políticas e procedimentos com vistas às ações afirmativas em todos os
âmbitos da organização;
3. Promover cultura e ambiente inclusivos e acessíveis a todas as pessoas com
deficiência;
4. Comunicar e educar para o respeito dos direitos e deveres das pessoas com
deficiência;
5. Incluir a questão da deficiência na estratégia da empresa, bem como no
planejamento de produtos e serviços, e atendimento a clientes.
Para medir o resultado das ações realizadas pelas empresas, a REIS, em parceria com o Instituto ETHOS, desenvolveu o Guia de Indicadores Ethos-REIS de Inclusão de Pessoas com Deficiência. São 23 indicadores distribuídos ao longo de um questionário para levantar as ações e os resultados obtidos ao longo de um determinado período. Para apoiar profissionais de Design, Jornalismo, Codificação, Desenvolvimento, Publicidade, Comunicação, Mídias Digitais a atuarem como agentes de transformação cultural e aliados ao propósito da equidade e inclusão foi criado também o Guia de Comunicação Inclusiva e Acessível.
Posicionamentos da REIS
Para o desenvolvimento de suas ações e atividades, a REIS leva em conta três
posicionamentos:
1. Nada sobre nós, sem nós – Esse lema foi adotado pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU (Organização das Nações Unidas), em 2006. A REIS entende que não é possível desenvolver uma atividade de
inclusão e diversidade para pessoas com deficiência, sem a sua participação em posição de decisão.
2. Lei de Cotas (Nº8213/1991) – A REIS defende a Lei de Cotas e seu cumprimento
pelas empresas como forma de corrigir a exclusão histórica à qual esses
profissionais foram submetidos.
3. Escolas regulares inclusivas – A REIS acredita que um ambiente escolar diverso e
inclusivo proporciona o convívio e o respeito, além de muitas outras habilidades
técnicas e comportamentais que são benéficas para todas as pessoas, com e sem
deficiência.
Nascimento da REIS
A ideia de criação da REIS surgiu durante o 26º Fórum de Empregabilidade Serasa Experian, que contou com a participação de Debra Perry, especialista em Inclusão de Pessoas com Deficiência. A integrante da OIT compartilhou informações sobre o lançamento de uma rede global que teria por objetivo incluir pessoas com deficiência no mercado de trabalho em todo o mundo e estimulou a criação da rede brasileira. Nesse momento, o então líder de D&I da Serasa Experian, o sociólogo João Ribas, convidou as empresas participantes do encontro a criar o movimento no Brasil a REIS. João Ribas, também uma pessoa com deficiência, liderou e conduziu a REIS até 2014, quando faleceu, deixando este legado para a sociedade.